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Progressão

Parte 2: Editor e Jornalista

Monteiro Lobato, editor e jornalista.

Não demorou muito e Lobato acabou vendendo a fazenda e instalando-se na capital paulista. Inaugurou, neste período, a primeira editora nacional: Monteiro Lobato & Cia. Até então, os livros que circulavam no Brasil eram publicados em Portugal. Com o dinheiro da venda da fazenda, Lobato virou definitivamente um escritor-jornalista. Comprou a Revista Brasil, em junho de 1918, por sua empolgação com a linha nacionalista do veículo.

Publicou o artigo “Paranóia ou mistificação” criticando a exposição da pintora Anita Malfatti.

Paranóia ou mistificação?
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêm as coisas e em conseqüência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres.

(…)

A outra espécie é formada dos que vêm anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva.

(…)

Embora se dêem como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como a paranóia e a mistificação.
De há muito que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios.

(…)

Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma – mas caricatura que não visa, como a verdadeira, ressaltar uma idéia, mas sim desnortear, aparvalhar, atordoar a ingenuidade do espectador.

(…)

A pintura da sra. Malfatti não é futurista, de modo que estas palavras não se lhe endereçam em linha reta; mas como agregou à sua exposição uma cubice, queremos crer que tende para isso como para um ideal supremo.

(…)

Monteiro Lobato dizia: “livro é sobremesa, tem que ser posto debaixo do nariz do freguês”. Assim, tratava o livro como se fosse um produto de consumo como outro qualquer, contratava vendedores autônomos e colocava seus livros à venda em qualquer estabelecimento comercial.

ESPECIAL MONTEIRO LOBATO

Parte 1: Início da Carreira
Obras: Velha Praga / Urupês
Parte 2: Editor e Jornalista
Artigo: Paranóia ou mistificação?
Parte 3: Escritor Infantil
Obra: Reinações de Narizinho
Parte 4: Sítio do Pica-Pau Amarelo
Obra: O casamento da Emília
Parte 5: fim da vida
Obra: Zé Brasil
Parte 6: Um país se faz com homens e livros
Conclusão
Confira as fotos do Sítio do Pica-Pau Amarelo em nossa galeria.

Bibliografia